Já escrevi na publicação anterior sobre o distanciamento que atualmente sofremos em relação à nossa própria natureza. Acreditem ou não esta questão está na base de muitas, se não todas, as frustrações do nosso dia-a-dia.

Vivemos num sistema que nos torna robots. Uma vida de padrões. Na escola aprendemos conteúdos pouco dinâmicos e seguimos para a vida adulta a desempenhar uma profissão também ela regida por regras, regulamentos, leis… padrões!

Eu sei que não vou dizer nada de novo nem tão pouco de extraordinário, mas é extraordinariamente importante não esquecer porque esquecemos por ser tão básico.

Embora a sociedade esteja organizada de uma forma dual, ou seja, em volta de dualidades relembro-te que não existe SÓ bem e mal, bonito e feio, gordo e magro, luz e sombra, dia e noite, sol e lua… e mais, que não existe o lado certo e o errado! Na nossa sociedade o sol é mais valorizado que a lua. Esta sobrevalorização da luz e do lado racional leva-nos para um lugar de desequilíbrio e desconexão. Não é culpa da dualidade em si porque ela é necessária para o nosso equilíbrio!

Hoje estamos todos a ser levados por um movimento em que procuramos corresponder a uma imagem de sucesso* (esse lado de luz). Uma sociedade que nos faz acreditar que as maçãs devem ser todas iguais, perfeitas e grandes. Se é perfeito não é natural, ou melhor, ser imperfeito é perfeitamente natural. E aqui, mais uma vez, a natureza é mestra em nos mostrar que nada é igual a nada, como ninguém é igual a ninguém. E que maravilhoso é ver a diferença que existe entre nós, não concordam?

Repara como a vida é um ciclo, tudo segue um ciclo: as estações do ano, as fases da lua ou o crescimento das plantas. Entender esta energia cíclica permite-nos respeitar a nossa existência sabendo que não somos os mesmos sempre, de forma constante, o tempo todo. O mundo de hoje segue uma lógica linear, previsível e regular que rejeita a ciclicidade e tenta impor uma uniformidade.

Acontece que por conta deste fantástico mundo moderno, mas altamente desconectado, hoje não somos pessoas inteiras. Não somos inteiras porque existe parte de nós que nos é sugado todos os dias… e mais assustador ainda, nós damos permissão para tal.

Verdade!

Provavelmente tens uma vida dentro dos padrões, mas sentes que te falta algo…

Talvez tenhas abundância financeira, mas sentes-te frágil e sozinho (a)…

És super disponível para tudo e todos e esperas que os outros hajam de igual forma, mas quando não o fazem sentes-te traído(a)…

Tens um conhecimento profundo sobre um determinado tema e ainda assim sentes que ainda não sabes o suficiente para avançar com o teu projeto/ sonho, mas julgas quem o faz sabendo o mesmo ou menos que tu…

Tiveste episódios da tua vida desafiantes que te marcaram muito e vives até hoje agarrado (a) a essa dor não te permitindo sequer mostrar ao mundo o quando estás forte mesmo depois de tudo o que passaste…

Se algum destes sintomas te cabem então tu sabes do que eu estou a falar.

Tu sabes que há algo que te bloqueia e não te permite viver de forma plena. Talvez não saibas exactamente o que é, mas sabes que o puzzle não está completo.

Inevitavelmente o caminho começa quando tu abraças essa vulnerabilidade… quando deixas cair todas as máscaras em que vives e te vês nu. Só tu e tu. Não precisas de te enganar a ti próprio.

Quem és tu quando ninguém está a ver?

Permite-te passar por todas as fases, todas as estações, todas as etapas de crescimento…

o que não estás a deixar ir?

o que não estás a regar?

o que não estás a criar?

o que não estás a ouvir/ ver?

A vida é um ciclo, até tu!



*sucesso não realização, atenção!

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